domingo, 28 de setembro de 2008

Submarino "sob as águas" do mundo virtual

Procuro apresentar aqui uma primeira observação de relevo sobre a empresa Submarino. Isso significa que as informações apresentadas são coletadas inicialmente no próprio site da empresa. Para uma análise mais refinada será necessário a checagem de informações com outras fontes.

A Submarino é uma empresa que opera exclusivamente no varejo eletrônico (pure-player). Segundo a mesma e a líder dentre as similares no Brasil. Em 2004 eram oferecidos mais de 700.000 itens, em 20 categorias de produtos, de mais de 950 fornecedores. Além disso, a empresa presta serviços de comércio eletrônico terceirizado para empresas como Natura, Nokia e Motorola.

A empresa opera a partir de uma base física de distribuição em São Paulo. Para as cidades maiores, principalmente as capitais, entregas são realizadas em média, no intervalo de dois dias úteis. Em lugares com a região metropolitana de São Paulo e Rio de Janeiro é possível entregas em menos de 24 horas úteis. Dados do IBOPE/Net Ratings, em cada um dos quatro trimestres de 2004, demonstram que o site da Submarino teve o maior número de visitantes diferentes, entre todos os sites de varejo eletrônico no Brasil. Foram entregues aproximadamente 1,8 milhões de pedidos para 914.000 clientes no período comercial encerrado em 31 de dezembro de 2004. A receita bruta desse período foi de aproximadamente R$ 361 milhões, representando uma taxa de crescimento anual de aproximadamente 68%, durante os últimos três anos (exercícios sociais encerrados em 31/12/2004).

Segundo dados disponíveis no site, a Forrester Research estima que o mercado de comércio eletrônico no Brasil foi de R$ 1,8 bilhão em 2004, crescerá para R$ 2,8 bilhões, em 2005, e atingirá R$ 12,8 bilhões até 2010, representando uma taxa de crescimento médio anual de 36%, comparado a 14% no mercado mais estável dos EUA. Outro dado da Forrester Research afirma que o número de pessoas que compram na internet foi de 3,6 milhões e chegará a 29,5 milhões em 2010.

As vantagens do comércio no mundo virtual são assim apresentadas:

Os varejistas de comércio eletrônico possuem diversas vantagens comparativas em relação aos varejistas tradicionais no Brasil. Dentre elas, a capacidade de atingir e atender a um grupo de clientes amplo e geograficamente disperso, com eficiência, a partir de um depósito central, um custo menor de gerenciamento e manutenção do site na Internet, em comparação aos custos de manutenção de lojas físicas, e o potencial para interação personalizada a baixo custo com o cliente. Os varejistas de comércio eletrônico podem coletar dados demográficos e de comportamento de compras rapidamente para responder às mudanças de hábitos e preferências dos consumidores, ajustando eficientemente sua seleção de produtos, conteúdo editorial, interfaces de compra, preço e apresentação visual.

Em algumas visitas é possível perceber que os produtos da linha de informática recebem mais espaço de exposição através de chamados no centro do site. Em uma coluna, no lado esquerdo do site são apresentados a diversidade dos produto. Isso pode ser conferido em www.submarino.com.br .

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

MYSPACE




Histórico

O MySpace foi fundado em 2003 por Chris DeWolfe e Tom Anderson. Começou como um site de relacionamentos nos moldes do Orkut, mas ganhou visibilidade em 2004 quando os seus fundadores resolveram investir no mercado específico da música, criando o MySpace Music, com ferramentas para os músicos divulgarem o seu trabalho e para se comunicarem com seus fãs.

Funcionalidade

O MySpace Music é atualmente o mais importante portal da música independente na internet em todo o mundo. Permite não apenas que artistas incluam seus perfis, fotos, agenda de shows, músicas e clips, como também que qualquer um, mesmo pessoas não filiadas ao programa, acessem esses perfis e baixem versões de músicas em mp3 que estejam disponíveis para download. Esse acesso é feito por meio de uma pagina na internet em cujo endereço se inicia pelo nome myspace seguido do nome do artista, exemplo: www.myspace.com/djtudo.

A maior funcionalidade do Myspace no que se refere ao setor da música em comparação com os outros sites de relacionamento como o HI5, o Friendster, o Orkut e outros, tem atraído a cada dia mais músicos, consumidores de músicas, anunciantes de instrumentos musicais e produtores musicais, como os representantes do selo musical A&R que procuram artistas novos no MySpace. Dessa forma, reconstrói a indústria fonográfica na web, oferecendo a músicos desconhecidos um espaço de visibilidade alternativo a mídia televisiva e a rádio. Bandas sem contrato usam o site para divulgar suas músicas e reunir fãs. Artistas de renome internacional como Madonna utilizam o site para se comunicar com seus fãs e obter feedback sobre suas músicas. Em pelo menos um caso conhecido até agora, o perfil de uma banda no MySpace resultou no contrato com um gravadora. De acordo com Layton (2006) a banda californiana Hollywood Undead apareceu no MySpace em junho de 2005 e em apenas uma semana chegou ao 4º lugar no ranking musical do MySpace com 65 mil fãs em seu espaço de amigos. Seis meses depois, a Hollywood Undead assinou com uma nova gravadora independente: a MySpace.

Regras de funcionamento:

  1. Não é necessário pagar para entrar no MySpace, ele é totalmente gratuito.
  2. O usuário se registra no MySpace e cria um perfil - para se registrar e criar um perfil básico, tudo que se precisa fazer é digitar algumas informações em um formulário: nome, endereço de e-mail, senha, país em que vive, código postal, sexo e data de nascimento. Ao fazer o login inicial, o MySpace lembra ao usuário de carregar uma foto e convidar os amigos para se registrarem também.
  3. Para construir sua rede de amigos, o usuário pode convidar seus amigos atuais para se registrarem ou procurar por amigos que já estejam no MySpace. Isso é feito por meio do nome do usuário ou seu endereço de e-mail, além da importação da agenda de contatos do usuário do Yahoo!, Hotmail, AOL e Gmail, para rastrear automaticamente endereços que estejam conectados a uma conta no MySpace.
  4. O usuário pode pedir para adicionar qualquer pessoa ao seu "Espaço de amigos" e, se seu convite for aceito, poderá enviar e-mails, mensagens instantâneas, links de uma banda descoberta no MySpace Music e o que mais quiser compartilhar

Todas as pessoas que estiverem no seu "Espaço de amigos" tornam-se parte da sua rede conforme esquema abaixo:

Fonte: Julia Layton. "HowStuffWorks - Como funciona o MySpace". Publicado em 30 de março de 2006
http://informatica.hsw.uol.com.br/myspace4.htm

Conclusão

Para fins da nossa pesquisa podemos concluir que tendo em vista o objetivo de obtenção de visibilidade profissional a força do Myspace está na construção de laços fracos. Quanto mais ampla for a rede de contatos dos artistas, maiores são as chances deste artista ascender profissionalmente e obter ganhos comerciais.

Granovetter no Facebook

Olá Renato. Já que você ficou responsável pela análise do Facebook, que tal se conectar com o Granovetter a partir da rede?
Eis o link:
http://es-es.facebook.com/people/Mark_Granovetter/206012

domingo, 14 de setembro de 2008

Michel Callon na revista Sociologias

Entrevista com Michel Callon: dos estudos de laboratório aos estudos de coletivos heterogêneos, passando pelos gerenciamentos econômicos.

Michel Callon, um dos autores da "Actor Network Theory" (ANT), está na revista Sociologias de Porto Alegre (UFRGS) nº 19, jan./jun. 2008.

Acredito que Callon faz um apanhado geral que ajuda a nos aproximar dos debates sobre a ANT.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Site de Fred Block

http://sociology.ucdavis.edu/people/fzblock

twitter

Colegas,
Pelo que me recordo, ninguém ficou de analisar um site de relacinamento chamado Twitter. Como não fiquei com nenhum anteriormente posso fazê-lo. Cruzei por acaso com o comentário abaixo em um blog sobre marketing e achei interessante. É a primeira vez que ouvi falar deste site.

Bom… esse post é uma continuação do “virtual não existe”. E antes que alguém ache o termo “fraco” pejorativo, vou me explicando. Os laços entre as pessoas são mais fortes quanto mais canais de ligação existem ou quanto há um motivo muito forte. Temos laços fortes muito claros: amigos, parentes, etc. Mas todos temos laços fracos, os colegas de academia, a turma do barzinho, as amizades “fortuitas” que fazemos na fila do supermercado. Essas relações são consideradas de laços “fracos” se desmancham sem mesmo notarmos. Porém, na web, pela facilidade e disponibilidade quase que “eterna” - pois as pessoas mantêm seus avateres em diversos lugares, como orkut e MSN -, esses laços considerados “fracos” se potencializam e ganham a base para criação de laços fortes e duradouros.Um ambiente Social Web que demonstra isso de forma muito clara é o Twitter (www. twitter.com), uma ferramenta de micro-blogging que permite a digitação de no máximo 140 caracteres por vez. Mas o segredo da ferramenta está no fato de que a pessoa pode seguir as postagens daqueles que ela considera interessantes e, da mesma forma, ser seguida em suas postagens por uma série de outras pessoas que se interessem pelo seu conteúdo. Ou seja, seus “amigos” - ou followers - do Twitter têm laços muito fracos com você, tudo pode começar por um papo casual, mas dependendo do seu conteúdo e interesses esses laços podem virar verdadeiros “movimentos”, agregando mais e mais pessoas. Vale conferir!

Fonte: http://nextmarketing.wordpress.com/2007/12/09/o-twitter-e-os-lacos-fracos-e-fortes-que-a-web-permite/

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Bibliografia de RedesSóciotécnicas

http://www.jonas.ax/actor-network-theory.html

A Rede Friendster


A Rede Friendster
A rede Friendster se assemelha a outras com o mesmo perfil (Orkut, Facebook), mas com um diferencial que considero importante, do ponto de vista de rede de relacionamentos.
Desde o cadastramento de membros há uma pressão para que se insiram "amigos e parentes" de outros cadastros e grupos (Gmail, Outlook, etc). E a pressão, na forma de lembretes, continua durante a navegação.
Me parece que existe uma intenção de reforçar redes de laços fracos com integrantes de laços fortes.
Como se integrar à rede
O processo é parecido com as demais. Um e-mail (de preferência do grupo Google), dados pessoais, etc.
Conexões
O sistema organiza conexões do usuário com amigos, escola, grupos, etc, organizado por diretórios.


domingo, 7 de setembro de 2008

Digital Intimacy

Ver esse artigo no New York Times sobre os novos sites tipo Facebook - o artigo discute em termos de laços fracos e fortes e ao mesmo tempo avança longe numa compreensão do fenômeno. Felipe como eu coloco um arquivo?

sábado, 6 de setembro de 2008

Estante Virtual: Uma rede?


Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Programa de Pós-Graduação de Ciências Sociais em desenvolvimento, Agricultura e Sociedade DISCIPLINA: SOCIOLOGIA ECONÔMICA
Prof. John Wilkinson
ANALISANDO A REDE DE VENDAS DE LIVROS USADOS: ESTANTE VIRTUAL

Como se organizam?
O Estante Virtual reúne 1105 sebos de 206 cidades, além de leitores que desejam vender seus livros. Possui um acervo de mais de 3 milhões de livros On Line.
Segundo os seus criadores, a concepção do site surge com a idéia de que havia uma concorrência inútil entre os diversos sites de sebo no Brasil. Cada sebo concorrendo individualmente gerava uma pulverização de informações, tornando o comércio pouco atrativo.

Quais são as regras?
Os gerenciadores cobram uma mensalidade de anúncio que varia de acordo com a quantidade de livros anunciados. Por exemplo, para anunciar 20.000 livros a mensalidade de R$ 52,00 e taxa de venda de 5%.
A grande sacada dos criadores está no fato de os anunciantes individuais não pagarem nenhuma taxa de anúncio, tampouco comissão. A idéia é aumentar a circulação de pessoas pelo site ampliando o sua penetração nas redes de estudantes, pesquisadores e leitores diversos.

Quais são as forma de se avalizar?
A qualificação se tornou um item quase obrigatório. Cada cliente que faz uma compra recebe e.mails alertando-os da necessidade e importância de fazer a qualificação do vendedor. O Fórum também é um espaço de tornar pública a atividade de oportunistas.
Em um dos tópicos do fórum um cliente reclama do fato de somente o comprador ter que confiar no vendedor. Como resposta, alguns sebos esclareceram que dão a opção de pagamento após o recebimento do livro estreitando os laços de confiança.

Existem núcleos, laços fracos ou fortes?

O Fórum é restrito à participação de usuários cadastrados e exige cordialidade, respeito mútuo e informações corretas no seu uso. Os tópicos variam entre a discussão sobre leituras diversas até dicas de livros e sugestões para o site.

Abaixo uma breve descrição de alguns tópicos do fórum:
TÓPICO -
Troca de preço depois da primeira pergunta? Fala de um vendedor que após a primeira pergunta de um comprador mudou o preço do livro de R$ 8,00 para R$ 25,00. – Com 66 postagens criou-se um ambiente favorável para denúncia e o vendedor perde suas qualificações positivas.

TÓPICO - Como tirar mau cheiro de livro? 27 post – Trocas de experiências para aumentar a conservação dos livros

TÓPICO - Confiança, base do negócio? 28 posts
Um cliente reclama que depositou e não recebeu. Após o ocorrido verficou que o histórico de qualificação do vendedor não era bom..
Perguntas do post. Por que é sempre o leitor quem deve confiar no livreiro?

TÓPICO - Eu quero uma lista do top 100. (Quer sugestão de leitura) – O site criou uma lista de sugestões.

TÓPICO - Concorrência entre Sebos e leitores – Reclamando Que Leitores Cobram Muito Barato.

Outros aspectos interessantes é que os administradores do site promoveram uma campanha para obter 1 milhão de livros anunciados com o valor de até R$ 12,00.

Para finalizar, parec haver uma colaboração bastante grande dos clientes no desenvolvimento de ferramentas do site. Por exemplo, nos últimos meses passou-se a anunciar alguns livros mais vendidos e mais procurados.

Bom, com relação aos laços ainda estou refletindo sobre o assunto, não sei se são fortes ou fracos, ou se realmente existem. Fica o espaço para colaborações!!

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Texto de Ricardo Abramovay no Jornal Valor Econômico de hoje...

Eficiência e eqüidade podem, sim, andar juntas
Por Ricardo Abramovay,
Valor 04/09/2008

"Civil Economy - Efficiency, Equity, Public Happiness" -
Luigino Bruni e Stefano Zamagni.
Peter Lang Publishing. 282 págs.


Mercados não conhecem fraternidade e sua compreensão
exige que sejam encarados como expressões de uma
verdadeira mecânica dos interesses, da qual resulta a
capacidade de satisfazer (de forma não planejada) as
necessidades humanas: amigos, amigos, negócios à
parte. O pressuposto básico é que os indivíduos cumpram
os contratos em que se envolvem e que suas relações se
pautem exclusivamente pela tentativa de extrair -
honestamente, é claro - o maior benefício possível dos
vínculos econômicos que estabelecem com os outros. A
prosperidade é o resultado não antecipado do incentivo
para que indivíduos e empresas busquem as
oportunidades que lhes parecem as mais adequadas. Sob
esse ponto de vista, mais importante para que a
economia e os mercados em que se apóiam funcionem é
que sejam respeitados como esferas institucionais
autônomas da vida social, livres da influência da religião,
da política, das amizades, das clientelas, dos monopólios
e, em última análise, da própria cultura.
Essa caricatura grotesca faz parte, até hoje, da formação
básica dos economistas, no mundo todo. Felizmente,
contra ela ergue-se - no interior mesmo do chamado
"mainstream" do pensamento econômico - uma poderosa
vertente à qual pertencem Luigino Bruni e Stefano
Zamagni. Zamagni é autor de um respeitado manual de
microeconomia, de uma história do pensamento
econômico e de uma coletânea sobre a "economia do
altruísmo", na qual obteve a colaboração dos ganhadores
do prêmio Nobel Gary Becker e Amartya Sen. Luigino
Bruni, além de historiador do pensamento econômico, é
membro dessa corrente contemporânea que questiona a
idéia de que aumento de renda é necessariamente
sinônimo de melhoria no bem-estar. Seu vínculo com a
abordagem das capacitações ("capability approach") de
Amartya Sen e Marta Nussbaun é explícito.
O termo economia civil tem três significados básicos. O
primeiro contesta o mito de que o nascimento da
economia moderna é marcado exclusivamente pelas
trocas impessoais, anônimas, desprovidas de vínculos
comunitários e funcionando tanto melhor quanto menos
contaminadas pela política, pela ética ou pela moral.
Bruni e Zamagni mostram a força do humanismo cívico
do "Quattrocento" italiano e a profunda unidade existente
entre economia e caridade nas mais notáveis
organizações econômicas do início do Renascimento. Essa
tradição aparece mais tarde na obra de Antonio Genovesi,
iluminista da escola de Nápoles, segundo o qual a
ausência de laços cívicos de confiança entre os cidadãos,
de compromissos morais relativos à maneira de organizar
a sociedade, é um obstáculo ao desenvolvimento do
mercado. Reciprocidade e dádiva, por um lado, mercados
e contratos, por outro, não são mundos hostis que a
modernidade tratou se separar, mas estão
permanentemente imersos uns nos outros.
A idéia de economia civil se insurge contra esse mito da
idade moderna de que a esfera dos interesses
econômicos pouco tem a ver com a do civismo, da
qualidade dos vínculos sociais entre os cidadãos. É a
razão pela qual, no subtítulo do livro e em todo seu
conteúdo - e contrariamente a uma forte tradição da
microeconomia contemporânea - eficiência e eqüidade
são apresentadas conjuntamente e não como
manifestações inevitáveis de dilemas ("trade-offs") em
torno dos quais as sociedades farão suas escolhas de
Sofia.
Daí vem o segundo significado de economia civil. Civitas
(e "polis", do grego), não se reduz a atributos como o
respeito à lei e o cumprimento dos contratos. Não se
trata apenas da dimensão negativa da liberdade (ser livre
de, ou seja, estar isento de dependências e
constrangimentos), mas de sua forma positiva, "ser livre
para": liberdade para realizar o necessário à afirmação de
sua própria pessoa. E é nesse sentido que a economia
civil resgata a tradição aristotélica da boa sociedade,
aquela que oferece às pessoas as liberdades para que
possam desfrutar de uma vida construtiva e interessante.
A tradição utilitarista de Bentham reduziu o conceito
aristotélico de felicidade ("eudaimonia") a utilidade. "Esse
movimento reducionista, afirmam Bruni e Zamagni, é a
mais séria causa de empobrecimento da economia
contemporânea." Ao se definir a economia como ciência
da utilidade, da raridade ou da alocação de recursos
escassos entre fins alternativos, foram afastadas as
categorias de pensamento necessárias a uma reflexão
mais abrangente e generosa a respeito da interação
social. Com isso, o sentido, a razão de ser, os fins morais
últimos da relação entre os homens e o mundo material
de que dependem deixaram de pertencer à esfera da
ciência econômica.
O resultado está num dos maiores dilemas, não só da
ciência econômica, mas da vida econômica
contemporânea, ao qual o livro dedica um rico e didático
capítulo. Estudos levados adiante nos últimos 30 anos
revelam o que o economista e demógrafo americano
Richard Easterlin chamou de "paradoxo da felicidade" na
economia. Suas pesquisas indicam, basicamente, que não
há relação entre riqueza objetiva e sentimento de
felicidade. A metáfora da esteira rolante é útil para
explicar o fenômeno: corre-se para não sair do lugar. O
que essas pesquisas mostram é que a felicidade está
muito mais associada a relações humanas enriquecedoras
do que à pura obtenção de mercadorias. É óbvio que não
se trata de ignorar a satisfação das necessidades dos
indivíduos, mas, sim, de contestar a idéia de que o
permanente aumento de renda e consumo é a base para
que ampliem sua realização pessoal.
O terceiro sentido da economia cívica evoca as
organizações não governamentais, sem finalidades de
lucro, e, num certo sentido, a própria economia solidária.
Mas não se trata de considerar esse segmento
isoladamente, como uma espécie de lado nobre da vida
social, por oposição à economia privada. Esse dualismo
maniqueísta bloqueia a percepção de que "a fisiologia, o
funcionamento normal, a vocação do mercado é
representar um momento da vida civil". É claro que o
mercado pode ser e, de fato, tem sido profundamente
anticívico e destrutivo, com a concentração da renda e a
devastação ambiental, por exemplo. Mas essas patologias
serão tanto mais severas quanto mais o mercado estiver
separado do humanismo cívico que, segundo Bruni e
Zamagni, está na sua origem. Público e privado, mercado
e Estado, contrato e reciprocidade, interesse e dádiva: as
ciências sociais podem convergir para superar essas
oposições e, por aí, como mostra a economia civil,
contribuir para a construção de um mundo em que os
valores éticos que mais prezamos não estejam em
confronto com o funcionamento real da vida econômica.


Ricardo Abramovay é professor titular do
Departamento de Economia da FEA/USP,
coordenador de seu Núcleo de Economia
Socioambiental e pesquisador do CNPQ (
www.econ.fea.usp.br/abramovay )

Redes Sociais no Mundo Virtual

Caros, Na aula passada não guardei todos os nomes e responsáveis dos sites que vamos examinar. Vamos colocar no blog e atualizar informações direto no blog. Felipe, se voce pode compor a lista seria bom colocar explicando o que estamos fazendo e convidando colaborações.

abs a todos, John