quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

To modernise or ecologise? That`s the question

Latour, Bruno. To modernise or ecologise? That is the question (Disponível em http://www.bruno-latour.fr/articles/article/073.html - Acessado em 11/12/2010)

Neste artigo, com base na situação política francesa e na marginalidade contínua dos vários partidos verdes, Bruno Latour desenvolve uma interessante perspectiva para analisar as políticas ecológicas , apontando uma tendência de reconfiguração dos mesmos. Para tal empreendimento, utiliza três vertentes diferentes:

(1) o modelo da justificação para entender as disputas políticas, elaborado por Luc Boltanski e Laurent Thévenot;

(2) um estudo de caso sobre a criação por lei do que poderia ser chamado de "parlamentos locais de água" (Latour & Le Bourhis, 1995);

(3) um projeto, mais filosófico, de desenvolver uma alternativa à noção de modernidade e explorar as raízes políticas da noção de natureza.

O ponto principal é mostrar que uma política ecológica não pode ser inserida em uma análise da modernidade, mas como uma alternativa para a modernização. Neste sentido, a ecologia deve ser vista como uma nova forma de lidar com todos os objetos, humanos e não humanos, da vida coletiva. Com isso, o autor tenta dar conta da seguinte questão: o movimento ecológico é, de fato, uma nova forma de política (ecológica) ou um ramo particular das modernas políticas?

Latour começa seu empreendimento analítico assinalando que se, por um lado, as políticas ecológicas encontram-se cada vez mais integrada na vida cotidiana mesmo que não sejam capazes de se tornar a plataforma política de um grupo específico; por outro lado, estas políticas tornam-se exageradas (ou infladas) a tal ponto que se arrogam em assumir a responsabilidade pelas agendas de todos os partidos políticos, mesmo que, para tal, penalize homens e mulheres que não pertencem ao “mundo da política”, quando acenam para uma unidade global que não tem o domínio político como horizonte. Desta forma, o autor mostra que, nos termos da modernidade, a política ecológica parece ser menos aceita e menos importante do que aparenta ser, bem como mais marginal do que gostaria de ser.

Bruno Latour avança na seguinte hipótese: de que o aumento de poder das políticas ecológicas pode ser dificultado por uma auto-definição que as posicionam tanto como política quanto como ecologia. Esta auto-definição faz com que toda uma sabedoria prática adquirida em anos de ação militante seja incapaz de ser expressada em um princípio de classificação e ordenação, que o autor entende como “politicamente eficaz”. Sem esse princípio de ordenação, as políticas ecológicas apresentam pouca influência sobre o eleitorados, além de não gerenciar — mesmo com argumentos que aparentam ser tão eficazes — o desenvolvimento duradouro e consistente de sua viabilidade política.

O trabalho de Boltanski & Thévenot (1991) ofereceria, assim, o “teste ácido ideal” para verificar se as políticas ecológicas podem sobreviver como uma forma original de política ou se pode ser dissolvida em regimes de justificação que já tenham sido postos em prática. O autor entende que este modelo permite testar se as políticas ecológicas oferecem um novo princípio de justificação ou se podem ser reduzidas para os outros seis princípios (doméstico, mercado, industrial, cívico, transcendental e reputação) que foram sedimentados ao longo do tempo.

À primeira vista, parece que não pode haver um sétimo regime, “ecológico", na medida em que qualquer um dos regimes empíricos empresta seu princípio de justificação quando são enfrentados pelas políticas ecológicas. Latour enfatizou os regimes de justificação doméstico, cívico, industrial e comercial em sua análise e — com base em várias reduções, utilizando o modelo de Boltanski & Thévenot (1991) — entende que não seria possível falar de um "regime ecológico", pois suas questões podem ser resolvidas pelas justificações existentes nos regimes doméstico, industrial, cívico e comercial. No entanto, estes regimes encontram-se baseados no princípio da humanidade comum. Neste sentido, Latour provoca uma reflexão ao colocar a seguinte questão: será que devemos abandonar o princípio da humanidade comum?

Os regimes de justificação desenvolvidos por Boltanski & Thévenot (1991) apresentam como ponto comum que "a humanidade é a medida de todas as coisas". Latour assinala que a “resposta padrão” para o problema de abandonar este princípio comum passa pela constatação de que a ecologia não compreende apenas os seres humanos, mas a natureza, uma unidade maior que incluiria os seres humanos, entre outros componentes associados a outros ecossistemas.

Esta “resposta padrão” apresenta uma incoerência política. Utilizando de ironia, o autor destaca que é difícil se imaginar uma apresentação ao eleitorado com um programa que prevê a possibilidade de fazê-lo desaparecer em favor de um "congresso de animais" que nem sequer votam ou pagam impostos! Latour entende que, confrontado com essa alternativa, a reação do “cidadão comum” seria compreensível: "preferiria viver uma vida mais curta em uma democracia do que sacrificar minha vida hoje — e dos meus descendentes — para proteger uma natureza muda”. Daí a dificuldade de descobrir o " sétimo regime", bem como, diante de tais dilemas, pode-se entender porque os partidos têm dificuldades de explicar a si mesmos, para seus membros e aos seus eleitores o significado de sua luta ecológica.

Entretanto, Latour destaca que este caminho, trilhado/sintetizado até aqui, pode estar errado. Parece, de fato, que a originalidade das políticas ecológicas é muito mais sutil do que foi visto até este ponto. Com isso, o autor lança mão de uma análise a partir de uma distância que separa a prática da auto-representação. Para tal, propõe a criação de duas listas contrastantes:

1. O que a ecologia acredita que deve fazer sem conseguir fazer

As políticas ecológicas se credenciam a falar sobre a natureza, mas falam sobre imbróglios intermináveis, que envolvem sempre algum grau de participação humana:

• Alegam proteger a natureza dos seres humanos, mas em todos os casos empíricos percebe-se maior envolvimento humano com intervenções mais freqüentes.

• Alegam proteger a natureza por si só, mas esta “missão” é realizada por homens e mulheres com o fim de gerar bem-estar, prazer ou consciência a um pequeno número de seres humanos selecionados cuidadosamente e de forma justificada.

• Alegam pensar cientificamente, mas cada vez que tentam incluir tudo em uma “causa maior”, são arrastadas para controvérsias científicas em que os especialistas são incapazes de chegar a um acordo.

• Alegam ter seus modelos científicos de hierarquias regulados por sistemas de controle cibernético, mas são sempre surpreendidas por acontecimentos inesperados.

• Alegam falar sobre tudo, mas só conseguem formar opinião e modificar as relações de poder, vinculando-se a determinados lugares, biótopos, situações e eventos.

• Alegam ser cada vez mais poderosa uma “política da vida do futuro”, mas encontram-se reduzida à menor fatia dos eleitores.

Ao invés do desespero frente a esta grave avaliação, Latour entende que todas as vantagens das políticas ecológicas se estivessem livres de suas próprias ilusões também podem ser aproveitadas. Para tal, o autor passa a considerar que as práticas das políticas ecológicas valem mais do que seus ideais utópicos de um regime “super-natural” gerido por cientistas para o benefício exclusivo de uma “Terra-Mãe”, que poderia a qualquer momento se tornar “uma mãe cruel e antinatural”.

Desta forma, Latour passa a considerar os "defeitos" destas práticas como vantagens positivas, iluminando um novo significado.

2. O que as políticas ecológicas (felizmente) fizeram muito bem:

• não são, nem nunca tentaram falar sobre a natureza, sendo portadoras de formas complexas de associações entre os seres. A natureza não está em questão, pois as políticas ecológicas dissolvem as fronteiras, redistribuem os agentes e, assim, remete à pré-moderna antropologia muito mais do que pensa.

• não pretendem, nem nunca pretenderam proteger a natureza. Pelo contrário, querem assumir o controle, de uma forma ainda mais completa e ampla, de uma diversidade maior de entidades e destinos.

• nunca pretenderam servir à natureza para seu próprio bem, pois são totalmente incapazes de definir o bem comum de uma natureza desumanizada. Neste sentido, mais do que proteger a natureza, para seu próprio bem ou das gerações futuras, suspendem nossas certezas com relação ao bem soberano dos seres humanos e não humanos, de meios e fins.

• não sabem o que é um sistema “eco-político” e não repousam sobre as idéias de uma ciência complexa, cujo modelo e métodos, se existissem, escapariam totalmente do alcance do “pensamento comum”. Latour entende que esta é a sua grande virtude das políticas ecológicas: não sabem o que fazem e não formam um sistema; não sabem o que são e não estão conectadas! As controvérsias científicas em que se envolvem são precisamente o que as distinguem de todos os outros movimentos político-científicos do passado, sendo as únicas que podem se beneficiar de outras políticas da ciência.

• não são, nem nunca procuraram integrar todas as suas ações de forma meticulosa e particular em uma unidade completa e hierarquizada. A ignorância em relação à totalidade é “sua salvação”, pois isso impede a configuração de uma hierarquia única. Assim, “o menor pode se tornar maior”.

Latour entende que as políticas ecológicas felizmente permaneceram à margem até agora porque ainda não compreenderam a sua política ou a sua ecologia. Estas políticas acreditam que falam sobre a natureza como um sistema, uma totalidade hierarquizada, um mundo sem os seres humanos, uma ciência certa, sendo que o autor assinala justamente estas declarações bem-ordenadas como elemento que marginaliza.

Ao comparar as duas listas que construiu, Latour se concentra na aplicação prática das políticas ecológicas, levando a um um movimento analítico completamente diferente do que se tinha ao iniciar seu artigo. As políticas ecológicas não fazem menção à natureza, elas não conhecem “o sistema”, enterram-se em controvérsias, mergulham em imbróglios sócio-técnicos, assumem o controle de mais entidades com cada vez mais diferentes destinos, e sabem com menos certeza o que todos têm em comum.

Com isso, a questão aberta pelo " sétimo regime” é saber “o que é um ser humano sem elefantes, as plantas, os leões, os cereais, os oceanos, o ozônio ou o plâncton?”. Latour assinala que o regime ecológico não diz que devemos mudar a nossa lealdade, do reino humano para a natureza. Este regime simplesmente diz que não sabe o que faz com que a humanidade comum dos seres humanos, mas que “sem os elefantes do Amboseli, sem as águas meandros da Drôme, sem os ursos dos Pireneus (...) ou sem o lençol freático da Beauce eles não seriam humanos”.

Esse não-saber se deve à incerteza quanto à relação entre meios e fins. Latour faz menção a definição de Kant da moralidade humana, estendendo-a para os não-humanos, generalizando a todos os seres da criação a aspiração ao reino dos fins. Com isso, encontra uma definição exata das conexões práticas estabelecida pelos ecologistas com aqueles que estão a defender: os rios, os animais, os biotipos, as florestas, os parques e os insetos. Estes não-humanos fazem de tudo para dizer que não devemos utilizar, controlar, servir, dominar, ordenar, distribuir ou estudá-los, mas, como os seres humanos, nunca considerá-los como simples meio, mas sempre como fim.

Latour assinala que esta suspensão de segurança sobre meios e fins define uma escala de regime ecológico (ou “regime verde”) que não pode ser reduzido aos outros regimes de filosofia política, conforme o modelo de Boltanski & Thévenot (1991). Na escala de valores desta "cidade verde", o valor se constrói pela solidariedade entre meios e fins. Neste sentido, tudo não está necessariamente inter-relacionado, pois não se sabe o que é interligado e entrelaçado, bem como ninguém sabe do que o ambiente é capaz.

Uma vantagem de definir a escala de “regime verde” é a remoção de um obstáculo, representado por uma pretenciosa ecologia fundamentalista, ou "ecologia profunda", que ocuparia um estado de inutilidade no " sétimo regime”. Isso se dá na medida em que o “regime verde” pressupõe uma incerteza arraigada quanto à natureza de acessórios, à sua solidez e distribuição, considerando apenas mediadores, que devem ser tratados cada qual de acordo com suas próprias leis.

Assim, para definir este "sétimo regime”, Latour destaca que é necessário invocar a prática dos movimentos ecológicos, colocando-a em oposição às justificativas teóricas de seus seguidores. O autor entende que a razão para esta lacuna é evidente na medida em que, para justificar o “regime ecológico”, torna-se necessário ser capaz de falar sobre ciência e a política, suspendendo suas certezas (1) no que diz respeito aos sujeitos e (2) aos objetos. Todos os outros regimes de justificação pertencem ao mundo da filosofia política, são antropocêntricos. Por isso, o “regime ecológico” ainda espera pelo surgimento “de seu Rousseau, sua Bossuet, ou dos seus Hobbes”.

Neste novo regime, Latour entende que tudo é complicado e qualquer decisão exige cautela e prudência, nunca se pode ir em linha reta ou rápido. É impossível continuar sem prudência e sem modéstia. Para estimular as políticas ecológicas, deve se adicionar a incerteza para que os atores comecem a ter dúvidas suficientes. Trata-se de uma experimentação coletiva sobre as possíveis associações entre coisas e pessoas sem que qualquer destas entidades seja utilizada como um simples meio.

As políticas ecológicas, portanto, não são definidas considerando a natureza, mas pela trajetória diferente de todos os objetos. Elas fazem referência à obrigação de estarmos preparados para tomar conta dos outros participantes, bem como para o aparecimento de imprevistos desde que todos aspirem a tomar parte no "reino dos fins", combinando as relações locais e globais. Para acompanhar esses “quase-objetos”, Latour destaca a necessidade de inventar novos procedimentos capazes de “gerir essas chegadas e partidas, esses fins e esses meios”, entendidos como processos que são completamente diferentes daqueles utilizados no passado para gerir as coisas.

Resumindo, o argumento de Latour passa por assumir que as políticas ecológicas não tem nada a ver com considerar a natureza, seus próprios interesses ou objetivos, mas tem a ver com uma forma de considerar tudo. “Ecologizar” (ou ambientalizar...) uma questão, um objeto ou um dado, não significa colocá-los no contexto, dar-lhe um ecossistema. Isso seria defini-la em oposição à outra atividade, ou seja, o que é conhecido como “modernização”; porntato, significa criar os procedimentos que tornam possível acompanhar uma rede de quase-objetos cujas relações de subordinação permanecem incertos e que, portanto, exigem uma nova forma de atividade política adaptada para segui-los.

Latour entende que a ecologia não envolve simplesmente uma questão de ser "prudente" para evitar cometer erros. Torna-se necessário criar outros procedimentos de investigação político-científica e experimentação. No contraste entre a “modernização” e “ecologização”, o autor chama atenção para o fato de que é muito mais uma questão de tudo o que deve ser considerado de maneira diferente, sendo que esse "tudo" não pode ser subsumido sob a expressão da natureza. Esta diferença não se reduz a importação de conhecimentos naturalistas em discussões humanas. A partir do “regime verde” , a interação das denúncias dos outros regimes e os compromissos inevitáveis a serem acordados com eles, talvez se possa arrastar as políticas ecológicas de seu atual estado de estagnação, fazendo-as ocupar a posição que “as esquerdas”, em um estado de implosão, deixaram aberto por (há) muito tempo.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Ação Econômica e Estrutura Social:o problema da Incrustação

GRANOVETTER, Mark. “Ação Econômica e Estrutura Social: o Problema da Incrustação” In: A Nova Sociologia Econômica. Celta Editora, 2003.


O que será proposto no artigo

Ø Analisar os mercados e hierarquias
Ø As possibilidades dos sociólogos estudarem a vida econômica


Introdução ao problema da incrustação

Comportamentos e as instituições versus Tradição utilitarista, economia clássica e neoclássica

A proposta de “incrustação” de Granovetter, defende que os comportamentos e instituições são condicionados pelas relações sociais.

Visão dominante “(...) em sociedades pré-capitalistas se encontrava maciçamente incrustado nas relações sociais, se tornou mais autónomo com o advento da modernização. Esta perspectiva entende a economia com uma esfera diferenciada, progressivamente separada na sociedade moderna.” (p.69-70)

Perspectiva do artigo – “(...) defende-se que o nível de incrustação do comportamento econômico é menor em sociedades não reguladas pelo mercado que o afirmado por substantivistas e teóricos do desenvolvimento, em que esse nível mudou menos com o processo de ‘modernização’ (...) (p.70)

Concepções subsocializadas e sobressocializadas

Concepção sobressocializada do homem na sociologia moderna – Concepção de pessoa oprimida pela opinião dos outros, obediente as diretrizes de sistemas de normas e valores interiorizados pela socialização.
Concepção subsocializada - “O facto desta concepção vigorar em 1961 deve-se, em grande parte, ao reconhecimento de Talcott Parsons do problema da ordem, colocado por Thomas Hobbes, e pela sua própria tentativa de resolvê-lo ultrapassando a concepção atomizada e subsocializada do homem presente na tradição utilitarista seguida, entre outros, por Hobbes (Parsons, 1937: 89-94)” (p.71)

Ataques a visão idealista dos mercados de competição perfeita
Razões:
1ª- “(...) em parte, ao facto das estruturas económicas de auto-regulação serem, para muitos, politicamente atractivas. (p.72)
2ª- “(...) a eliminação das relações sociais de análise económica conduz a que o problema seja afastado da agenda intelectual, pelo menos no que concerne à esfera económica.” (p.72)

“Na perspectiva de Hobbes, a desordem é originada pelo facto das transações económicas e sociais sem conflito dependem da confiança e da ausência de má-fé. (...) Hobbes defende, para combater este problema, a imposição de uma estrutura de autoridade autocrática.” (p.72)

Convergências entre a concepção subsocializada e a sobressocializada - “ambas coincidem na ideia de que as acções e as decisões são levadas a cabo por actores atomizados. Na concepção subsocializadas, a atomização resulta da persecução utilitarista dos interesses próprios; na concepção sobressocializada, deriva da ideia de que os padrões comportamentais são interiorizados (...)” (p.73)

Concepções sobressocializadas (Também mecânicas) – “uma vez conhecida a classe social do indivíduo ou o seu segmento do mercado de trabalho, todo seu comportamento é automático, pois resulta de uma socialização bem sucedida. (...)” (p.74)

Crítica análise sobressocializadas – “Análises mais sofisticadas (logo, menos sobressocializadas) das influências culturais assinalam que a cultura não constitui uma influência definitiva mas sim um processo continuado, permanentemente em construção e reconstrução ao ritmo da interacções. Não condiciona apenas os seus membros, mas é também condicionado por eles, em parte de acordo com as suas próprias estratégias.” (p.74)

Ø “Uma análise profícua da acção humana implica que evitemos a atomização implícita nos pólos teóricos das concepções subsocializadas e sobressocializadas.” (p.75).

Incrustação, confiança e má-fé na vida econômica
A partir dos anos 70 – aumenta o interesse dos economistas por questões, anteriormente ignoradas, da confiança e da má-fé.

Ø “Oliver Williamson nota que os actores económicos reais se pautam não apenas pela prossecução dos seus interesses, mas também pelo ‘oportunismo’” (p.76)

“Desvenda-se assim que um curioso pressuposto da teoria económica moderna: o interesse econômico pessoal é apenas procurado através de meios relativamente dignos. (...) Porém, como reconheceu claramente Hobbes, nada no sentido intrínseco do ‘interesse próprio exclui o recurso à força ou à fraude.” (p.76)

Questão - Como pode a vida econômica diária não ser assolada pela desconfiança e pela má-fé?

A Literatura econômica possui algumas respostas para estes problemas.

Perspectiva subsocializada (Nova economia institucional) “ A ideia geral sustentada pelos membros desta escola é a que as instituições e os arranjos sociais, anteriormente considerados como resultado casual de forças políticas, sociais, históricas ou legais, podem ser melhor interpretados enquanto soluções eficientes para determinados problemas económicos.” (p.77)

Ø “Neste contexto, considera-se que a má-fé é evitada através de inteligentes arranjos institucionais que tornam demasiado custosa a sua colocação em prática.” (p.77)

Ø “ Outros economistas reconhecem que um certo nível de confiança tem que existir, dada a incapacidade dos dispositivos institucionais para evitar totalmente o recurso à fora e à fraude.” (p.78)


Argumento da incrustação – Ênfase no papel das relações pessoais e estruturas (ou redes) dessas relações na origem da confiança e no desencorajamento da má-fé. [Neste sentido a confiança em negociar com pessoas honestas é muito importante]

Ø “(...) melhor que a afirmação de que alguém é conhecido pela sua honestidade é a informação recolhida junto de informadores credíveis que negociam com esse indivíduo e o consideraram honesto.” (p.79)


Oportunismo – O “dilema do prisioneiro” não se verifica em relações mais íntimas.
Ex: No interior das famílias não se verifica o Dilema do prisioneiro por que cada um esta confiante de que pode contar com os outros.

Ø “ Nas relações de negócios, o grau de confiança é muito variável mas o Dilema do prisioneiro é, ainda assim, , frequentemente contrariado pela força das relações pessoais.” (p.79)


Proposta de Granovetter possui um risco – Trocar um tipo de funcionalismo por outro “(...) em que as redes de relações em vez da moral ou das instituições, constituem as estruturas que asseguram a função de manutenção da ordem.” (p.80).

Duas formas para diminuir este risco

1ª – Enquanto solução para o problema da ordem a perspectiva da incrustação é menos universal > redes de relações sociais penetram irregularmente e em diferentes graus nos vários setores da vida econômica.
2ª – As relações sociais, em muitos casos são condição necessária à confiança e ao comportamento honesto, mas não suficiente para garantir a má-fé ou conflito. Três são os motivos:
1ª) a confiança proporcionada pelas relações pessoais provoca oportunidade de má-fé > “Se magoa sempre que se ama”. Para se dá um golpe primeiro se estabelece laços de confiança, depois a má-fé.
2ª) A força e a fraude > mais eficácia em grupo. Esquema de suborno e conluios dificilmente é levado a cabo por indivíduos isolados.
3ª) A dimensão da desordem provocada pela força e pela fraude depende muito do modo como a rede de relações sociais está estruturada [Hobbes exagerou o alcance da desordem provável no seu estado de natureza atomizado.]

“O mesmo acontece no mundo dos negócios, onde os conflitos são relativamente tênues, a não ser que cada uma das partes possa desenvolver contactos com um número substancial de aliados em outras empresas (...)” (p.82)

Ø A desordem e a má-fé acontecem também na ausência de relações sociais.

Onde se localiza a perspectiva da incrustação?

Ø Entre a proposta sobressocializada da moral generalizada e a visão subsocializada dos dispositivos impessoais e institucionais.

A questão dos mercados e das hierarquias

Como aplicação prática da perspectiva da incrustação à vida econômica, propõe-se neste artigo uma crítica a teoria de Oliver Williamson em Markets and Hierarchies (1975).

“A sua resposta, consistente com a ênfase geral numa determinada situação é sempre aquela que lida mais eficientemente com custos das transações económicas.” (p.82)

Ø “... o primeiro conjunto de transações é interiorizado no seio de hierarquias por duas razões.
1ª Racionalidade limitada dos atores
2ª Oportunismo [Procura racional por benefícios próprios]

“O oportunismo é mitigado e constrangido pelas relações de autoridade e pela identificação mais estreita entre os parceiros de trasacção (...)” (p.83)

Ø Apelo às relações de autoridade, redescoberta da análise hobbesiana, agora confinada a esfera econômica. “(...) as promessas de boa-fé revelam-se falíveis na ausência de uma autoridade supervisora.” (p.83)

“Esta análise inclui a mesma mistura dos pressupostos subsocializados e sobressocializados encontrados no Leviatham.” (p.84).
Ø A concepção de mercado remete ao estado de natureza em Hobbes.
Ø A influência da estrutura social no comportamento do mercado é tratada como exceções por Williamson.

Granovetter defende que “(...) o mercado anómimo dos modelos neoclássicos é virtualmente inexistente na vida económica e que as transações de todo o tipo estão associadas às conexões sociais descritas.” (p.85) Ele pretende mostrar a existência de uma camada social que se sobrepõe às transações econômicas entre empresas.

“Existem à nossa volta inúmeras evidências do alcance da mistura entre relações de negócios e sociais.” (p.85)
Ø Não é percebido o jogo de reciprocidade necessário nos negócios.

Ø “Não é apenas nos níveis de topo que as empresas estão ligadas por redes de relações pessoais, mas em todos os níveis a que as transações têm lugar.” (p.86)

Relacionamento compra-venda numa indústria não se aproxima do modelo spot-market da teoria clássica. [Trocas descontínuas/anonimato]. Na prática se verifica um reduzido leque de fornecedores. Razões:

1ª Custos associados à procura de novos fornecedores.
2ª Idéia que os riscos diminuem quando se trabalha com fornecedores conhecidos.

Robert Eccles e o exemplo da construção civil - Em países onde as regulações institucionais não obrigam à execução de concursos públicos, observam-se relações estáveis e duradoras entre a empresa principal e as subcontratadas. > Há se pode chamar de “quase-integração” que forma uma “quase-empresa”. Explicação para o fenômeno:

1º Razão de investimento – através de uma associação continuada, ambas as partes podem beneficiar do investimento algo idiossincrático em aprender a trabalhar com a outra.

2º Desejos dos indivíduos de usufruírem das interações sociais. “(...) aquilo que começa por ser uma transação puramente económica pode adquirir um revestimento de relações sociais cuja importância é vital.” (p.88).

Na visão de Williamson – O principal impedimento à avaliação de experiências entre empresas está relacionado com a comunicação.

Ø “Porém, para sustentar a ideia de que as informações correctas sobre as características de um trabalhador apenas são transmitidas no interior das empresas e não entre elas, é preciso ignorar as variadíssimas redes sociais de interação que ligam as empresas.” (p.88)

Ø Para Williamson a informação interna das empresas é “correta” e “neutra” “ (...) invoca um ideal-tipo de promoção do género recompensa-por-desempenho, que logo se observa não ter mais que uma correspondência parcial com mercados internos de trabalho existentes.” (p.89)

Williamson sobrestima a eficácia do poder hierárquico exercido no interior nas organizações. [Exemplo das Auditorias]

Melville Dalton afirma que: “(...) a contabilidade dos custos de todos os géneros é um processo altamente arbitrário e, por conseguinte, facilmente politizado, mais do que um procedimento técnico decidido em termos de eficiência.” (p.89-90).

“ Dalton comenta que o nível de cooperação praticado pelos chefes dos departamentos da fuga às auditorias centrais envolve uma acção conjunta ‘de um género que raramente, ou nunca se vê nas actividades oficiais” (p.91)
Ø Baixo nível de rotação de pessoal incentiva a cooperação. (Redes estáveis e densas re relações).
Ø Na burocracia ideal-weberiana, as organizações são pensadas para funcionar independente das ações coletivas mobilizadas por redes interpessoais.

Granovetter defende – “(...) que as relações sociais entre empresas são mais importantes, e a autoridade no interior das empresas menos na manutenção da ordem económica (...)”. (p.91)

O poder nas relações de mercado e nos contatos sociais no interior das empresas

Ø É necessário evitar a ênfase no papel silencioso nas relações sociais no “mercado” conduza a desvalorização do papel silencioso dessas relações me situações de conflito.

Ø “Em geral os conflitos apenas se tornam públicos quando os dois lados se encontram muito igualados.” (p.92)

Ø “ (...) as relações de poder não podem ser ignoradas. Este quadro fornece ainda uma razão adicional para duvidar da ideia que as complexidade emergentes dos negócios entre agentes em igualdade formal podem ser resolvidas somente pela assimilação de todas as partes numa única hierarquia (...) (p.92

Diferença entre a proposta de Williamson e a perspectiva da incrustação

Williamson – “(...) explica a ausência de ‘oportunismo’ ou de má-fé na vida económica e a existência generalizada de cooperação e ordem pela inscrição das actividades económicas complexas em empresas integradas hierarquicamente.” (p.93)

Incrustação – afirma que há uma dependência da natureza das relações pessoais e das redes de relações criadas entre as empresas, e no seu interior. Suma “(...) a ordem e a desordem, a honestidade e a má-fé têm mais a ver com as estruturas dessas relações que com as formas organizavionais.” (p.93)

O que foi abordado no artigo:

Ø Confiança , Má-Fé
Ø Crítica ao argumento dos “mercados e hierarquias” de Williamson.

“ O ponto de vista proposto neste artigo implica que a futura investigação sobre a questão dos mercados e das hierarquias conceda uma atenção minuciosa e sistemática ao padrões reais de relações pessoais através dos quais as transacções económicas são levadas a cabo.” (p.94).

Ø Estudos empíricos – Pouca atenção aos padrões de relacionamento. [Dados são mais difíceis e o quadro dominante da economia continua a ser o de atores atomizados].
Ø A maior parte do comportamento do mercado encontra-se incrustado nas relações interpessoais. [Evitando visões extremistas das perspectivas subsocializadas e sobressocializadas da ação humana.]


Por que estudar o comportamento econômico ?

1ª – Comportamento interpretado inadequadamente por profissionais ligados à teorias atomizadas.
2ª – Sociólogos não têm evitado análises aprofundadas sobre temas da economia neoclássica. [Todo processos de mercados são passíveis de análise sociológica].


Ø As relações sociais, mais do que os dispositivos institucionais ou a moral generalizada, são as principais responsáveis pela produção de confiança na vida econômica.

“É minha convicção que um dos mecanismos mais importantes de menos analisados destas mudanças é seus impacte nas relações sociais em que a vida económica se encontra incrustada. Se assim for, torna-se impossível estabelecer uma ligação adequada entre os níveis micro e macro sem uma compreensão mais completa dessas relações.” (p.97).

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Reportagem preços por telefone

Aí vai o endereço eletrônico para que vocês possam ver a reportagem que comentei um dia desses sobre o preço dos alimentos via telefone celular. Um serviço disponibilizado na Itália, ligando os temas que estamos vendo em sala de aula: redes sociais, tecnologias, preços, mercado e alimentos. Como afirma a reportagem que saiu no Jornal Hoje do dia 22 de outubro:

"Para espantar o fantasma da inflação, o governo italiano, em parceria com a associação dos consumidores, criou um serviço gratuito de informação de preços de 84 produtos através de mensagem de celular.

O ministro da Agricultura, Luca Zaia, explica que é só enviar uma mensagem de texto com o nome do produto para ter acesso à lista de preços. O serviço então manda uma lista com o preço do produto em todas as regiões da Itália e até o valor em que ele sai das mãos do produtor até chegar ao comércio.

Em dois meses, o serviço de preços via torpedo já recebeu dois milhões de mensagens.

O governo italiano também quer estimular as vendas sem intermediários. Conhecemos um produtor de leite gostou da idéia, divulgou seus preços pela internet e agora vende diretamente para o consumidor. Os clientes também ficaram satisfeitos, porque levam para casa leite orgânico pelo equivalente a R$ 1 a menos.

Na Itália, o preço de alguns alimentos subiu mais de 30% só em 2008. Recentemente, o consumidor italiano até fez uma “greve de massas” por um dia, por causa do aumento do pão".

domingo, 16 de novembro de 2008

Mais um espaço de relacionamentos em rede: o Geni

Esta semana fui convidado a ingressar em mais um espaço virtual de relacionamentos: o "Geni - eryone's related". Trata-se de uma árvore genealógica em que se parte de um ingressante individual (caso ele já não faça parte de outra árvore) ou vai-se agregando familiares em uma já formada. Cada integrante pode ser convidado por e-mail a ampliar sua árvore e ir convidando mais familiares indefinidamente, acima (pais e avós), ao lado (irmãos, cônjuges e ex-cônjuges) e abaixo (filhos e netos). Em seu cadastro constam, além dos familiares, local onde reside, cidade e data em que nasceu, preferências, etc. Caso os convidados aceitem o convite a rede se amplia rapidamente em todas as direções. Cada integrante pode ter acesso aos seus "laços fortes" familiares e, navegando na árvore, rapidamente ter contato com seus "laços fracos" familiares.
Quem tiver interesse é só acessar www.geni.com. As informações são inseridas com muita facilidade.

sábado, 1 de novembro de 2008

Sobreo Facebook

FACEBOOK
É um espaço virtual social que objetiva ter contatos profissionais e relacionais, com uma pitada de mercado com compra e venda de produtos e serviços. Tem uma ramificação internacional bastante considerável e é muito usado nos EUA, que preferem o Facebook ao Orkut, mais usado no Brasil. Nesse resumo, algumas partes em inglês de fácil entendimento, acredito que há informações suficientes sobre histórico, acessibilidade, facebook para iphone, características do produtos, privacidade etc. O Granovetter está por aqui.

Como mesmo afirmam: O Facebook é uma rede social que reúne pessoas a seus amigos e àqueles com quem trabalham, estudam e convivem. As pessoas participam do Facebook para manter contato com seus amigos, carregar um número ilimitado de fotos, compartilhar links e vídeos e aprender mais sobre as pessoas que conhecem.
Qualquer pessoa pode participar do Facebook.
Tudo que é necessário para participar do Facebook é ter um e-mail válido. Para se conectar a colegas de trabalho ou colegas de classe, use seu e-mail do colégio ou trabalho ao cadastrar-se. Uma vez cadastrado participe da rede de sua região para se conectar com pessoas perto de você.
O Facebook é constituido de muitas redes, cada uma baseada em volta de uma empresa, localização ou escola. Participe de redes que reflitam as comunidades da sua vida real para saber mais sobre as pessoas que trabalham, vivem, ou estudam perto de você.
A plataforma do Facebook permite qualquer um, em qualquer lugar, a construir aplicativos completos que você pode escolher para usar. As possibilidades não tem fim. Defina sua experiência no Facebook escolhendo aplicativos que são úteis e relevantes para o seu mundo.

Privacidade
No Facebook as pessoas devem ter o controle sobre como e quem pode ver suas informações. As pessoas só podem ver os perfis de amigos aceitos e de pessoas de suas redes. Você pode usar nossas opções de privacidade a qualquer momento para controlar quem pode ver o quê no seu Facebook.

Empregos
O Facebook possui uma parte voltada para o anúncio de empregos.

Produto
Facebook’s simplified navigation gives users easy access to core site functions and applications. Profile, Friends, Networks and Inbox – pages core to the user experience on Facebook – have a prominent place at the top of the user’s profile page. Facebook applications – Photos, Notes, Groups, Events and Posted items – are displayed on the left side bar, along with any third-party applications a user has added to their account.

Tecnologia
Facebook is the second most-trafficked PHP site in the world, and one of the largest MySQL installations anywhere, running thousands of databases. Facebook has built a lightweight but powerful multi-language RPC framework that allows the company to seamlessly and easily tie together subsystems written in any language, running on any platform. The company is the largest user in the world of memcached, an open-source caching system, and has created a custom-built search engine serving millions of queries a day, completely distributed and entirely in-memory, with real-time updates.

Funding
Round one: $500,000 from Peter Thiel, Summer 2004; Round two: $12.7 million from Accel Partners, April 2005; Round three: $27.5 million from Greylock Partners leading the round, Meritech Capital Partners participating, and Accel Partners and Peter Thiel increasing their investment in the company.


Empregados: 600+
Usuários: 90 million active (users who have returned to the site in the last 30 days)
Empresas em: Palo Alto, Estado da Calif. (central); New York e Londres

Estatísticas
General Growth
· More than 100 million active users
· Facebook is the 4th most-trafficked website in the world (comScore)
· Facebook is the most-trafficked social media site in the world (comScore)
Demografia dos usuários
· Over 55,000 regional, work-related, collegiate, and high school networks
· More than half of Facebook users are outside of college
· The fastest growing demographic is those 25 years old and older
· Maintain 85 percent market share of 4-year U.S. universities

São mais de 24 milhões de fotos baixadas diariamente
Mais de 6 milhões de grupos na página

Daqui a poucos meses o Facebook disponibilizará 15 línguas: Spanish, French, German, Russian and Korean. Our goal is to offer Facebook in as many languages as possible, as quickly as possible.

História da Empresa
2008
abril
Facebook launches Facebook ChatFacebook releases Translation application to 21 additional languages
março
Facebook updates privacy controls to include Friend List privacyFacebook launches in German
fevereiro
Facebook launches in Spanish and French
janeiro
Facebook co-sponsors Presidential Debates with ABC News
2007
novembro
Facebook launches Facebook Ads
outubro
Facebook reaches over 50 million active usersFacebook launches Facebook Platform for MobileFacebook and Microsoft expand advertising deal to cover international markets; Microsoft takes a $240 million equity stake in Facebook
julho
Facebook acquires startup Parakey
maio
Facebook launches Marketplace application for classified listingsFacebook hosts F8 event to launch Facebook PlatformFacebook Platform launches with 65 developer partners and over 85 applications
abril
Facebook reaches 20 million active users Facebook updates site design and adds network portals
março
Facebook reaches over 2 million active Canadian users and 1 million active UK users
fevereiro
Virtual gift shop launches as a feature
2006
dezembro
Facebook reaches more than 12 million active users
novembro
Share feature added on Facebook, simultaneously launched on over 20 partner sites
setembro
News Feed and Mini-Feed are introduced with additional privacy controlsFacebook expands registration so anyone can join
agosto
Facebook development platform launchesNotes application is introducedFacebook and Microsoft form strategic relationship for banner ad syndication
maio
Facebook expands to add work networks
abril
Facebook raises $27.5 million from Greylock Partners, Meritech Capital Partners and othersFacebook Mobile feature launches
2005
dezembro
Facebook reaches more than 5.5 million active users
outubro
Photos is added as an application Facebook begins to add international school networks
setembro
Facebook expands to add high school networks
agosto
The company officially changes its name to Facebook from thefacebook.com
maio
Facebook raises $12.7 million in venture capital from Accel Partners; Facebook grows to support more than 800 college networks
2004
dezembro
Facebook reaches nearly 1 million active users
setembro
Groups application is added; the Wall is added as a Profile feature
junho
Facebook moves its base of operations to Palo Alto, Calif.
março
Facebook expands from Harvard to Stanford, Columbia and Yale
fevereiro
Mark Zuckerberg and co-founders Dustin Moskovitz and Chris Hughes launch Facebook from their Harvard dorm room.


Observem como convidam novos participantes: “Join our developer community and help make the web even more social”.

No que interessa à sociologia econômica selecionei esse parágrafo. Observem que a compra e venda de produtos e outros serviços são possíveis.

Marketplace
Marketplace is Facebook's self-service application for listing items for sale, housing for rent, jobs available, and so on. Users can use Marketplace to find things they want to buy or use, as well as list anything they are in the market for purchasing, renting, etc.
Gifts
Facebook Gifts are icons that can be purchased for $1 and sent to friends on Facebook. The icons are designed by Susan Kare, the designer of the original icon set for the Macintosh computer in 1983.

Também achei interessante essa "parede":
Wall
The Wall is a forum for users’ friends to post comments or insights about them. Users can always remove comments they don't like from their own Walls. They can restrict who their Wall is visible to, or turn it off entirely, by going to the "Profile" section of the Privacy page.
Importing stories into Mini-Feed
Importing stories into Mini-Feed is a feature that allows users to import activity from other sites into your Mini-Feed (and into your friends' News Feeds). The option to import stories from other sites can be found via the small "Import" link at the top of your Mini-Feed.

A interação com telefone celular também é possível.
Mobile
There are three mobile options for using Facebook on the go: Mobile Web, Mobile Uploads, and Mobile Texts. Facebook Mobile Web is an alternate version of Facebook specially designed for mobile phones. It includes just about everything from the regular site, and it fits on a little screen. Facebook Mobile Uploads allows users to upload photos and notes from their mobile phone straight to Facebook. Facebook Mobile Texts allow users to connect with friends and look up info on Facebook by using their phones to send and receive text messages.
Facebook Platform for Mobile enables any of Facebook’s 80,000 developers to extend their applications to work with mobile phones. Facebook users may opt-in to sending and receiving text messages from applications, or interact with applications on Facebook’s mobile site in a similar manner as they have already done on Facebook.
Também para iPhone: You're probably wondering what makes our iPhone application different from our iPhone website. The bottom line is that applications built for the iPhone have access to more technology than websites. For example, with the native application you can take photos with the iPhone's camera and upload them instantly to your Mobile Uploads album on Facebook. You'll also find the native application is much faster than the website, giving you more reliable access to your Friends, Photos, and Inbox.

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Redes de relacionamento e mercado

Um dos temas propostos pelo John é a relação entre as redes de relacionamento e o mercado (ou sua viabilização econômica). Parece evidente que uma postura parecida com a da Microsoft de cobrar por seus produtos e serviços seria uma estratégia na contramão da história. Segundo o Jorge, a própria empresa de Bill Gates está mudando sua postura, oferecendo licenças gratuitas para usuários domésticos. Me parece que o grande potencial de mercado das organizações que coordenam essas páginas de relacionamento é o cerco em torno do perfil localizado e identificado de cada um de nós, “consumidores”. A Google nos conhece muito bem. Nossos e-mails estão em seus servidores. Sabem quem são nossos contatos (fortes e fracos) e nossas preferências através do Orkut, Friendster e outros. Sabem que vídeos assistimos no Youtube. Que lugares do mundo gostamos de “visitar” no Google Earth ou no Googe Maps. Possuem, enfim, uma base de dados sobre nossas preferências que faria inveja a qualquer empresa de propaganda e marketing. Esse é o grande potencial de mercado dessas empresas e somos cada vez mais seus “clientes virtuais”.

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Livros ùteis

Com essa duas novas análises Linked In e Orkut estamos com uma boa base de reflexão, dada a diversidade de sites que estamos acompanhando. Seria bom tentar separar um espaço na aula para sistematizar as principais questões transversais.Tem um conjunto de livros que podem nos ajudar: Smart Mobs - Howard Rheingold (tem um site do livro);Wikinomics: How Mass Collaboration Changes Everything - Don Tapscott e Anthony D. Williams; Linked - Albert-László Barabási; Small Worlds and the Groundbreaking Science of Networks - Mark Buchanan; e The Wealth of Networks: How Social Production Transforms Markets and Freedom, que já mencionaei em outra postagem. Seria bom ver se alguns deles são traduzidos.
Que tipos de redes são esses?
Como se constrõe e mantem reputação?
Como se articulam mercado (interesse, apropriação,) e não mercado(commons, colaboração, reciprocidade?
Qual é a dinãmica de ação coletiva? (formas de participação, avaliação,monitoria, controle do free rider)
Qual é a articulação entre redes sociais fora e dentro da WEB
A ideia geral é de ver como todas as questões tradicionais são recolocadas mas numa forma original e identificar questões e dinâmicas inteiramente novas.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

ORKUT

Segundo dados disponíveis na Wikipédia, o Orkut é uma comunidade virtual filiada ao Google, criada em 19 de janeiro de 2004. Seu nome está relacionado ao projetista chefe, Orkut Büyükkokten, engenheiro do Google. Como afirmado no site do Orkut, “o Orkut é uma comunidade on-line criada para tornar a sua vida social e a de seus amigos mais ativa e estimulante. A rede social do Orkut pode ajudá-lo a manter contato com seus amigos atuais por meio de fotos e mensagens, e a conhecer mais pessoa.” Além desta função - reencontrar amigos da infância, da escola, da faculdade e reforçar os laços atuais - , o Orkut também tem sido um veículo para troca de informações e até mesmo discussões acadêmicas (por exemplo, há uma comunidade de sociologia econômica - www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=6267284 -, uma comunidade sobre Luc Boltanski - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=7738516 -, várias comunidades sobre Bourdieu, sendo esta a com maior número de membros (2.456) - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=71489).


Calculava-se em 2005 que 6 milhões de pessoas tinham páginas com seus perfis no Orkut, sendo que a maioria (71,92%) eram brasileiros (FOLHAONLINE, 03/07/2005). Enquanto a imprensa e os internautas norte-americanos em geral praticamente ignoram o Orkut, preferindo outros sites de relacionamento como Friendster ou thefacebook, o Brasil torna-se um dos principais focos do Orkut (FOLHAONLINE, 03/07/2005).



COMO ENTRAR?


O futuro usuário precisa criar uma conta no Google disponível na página inicial do Orkut. No início do Orkut, a participação estava condicionada ao convite de um amigo já cadastrado.



OS PERFIS


Quando o usuário adere ao Orkut, ele deve preencher um perfil com suas características em três aspectos: social, profissional e pessoal (quem é, o que faz, qual o interesse no Orkut – amigos, trabalho etc., gostos etc.), e há espaço para colocar uma foto de identificação. O usuário pode deixar de fornecer algumas informações, pode fornecer todos os dados solicitados mas acionar um mecanismo que seleciona as informações que deseja compartilhar na rede e também pode fornecer informações incorretas sobre si mesmo (pode dizer que mora em outra cidade, fala outras línguas, ou até mesmo, há a construção de perfis de outras pessoas, como a do presidente Lula).


Além destas informações que constroem a imagem do usuário na rede, há outras ferramentas que auxiliam na identificação do perfil como as comunidades que participa (por exemplo, comunidades de partidos políticos, comunidades de intelectuais, comunidades de indivíduos de uma mesma cidade, de turmas da faculdade, comunidade relacionadas a alimentação e até mesmo comunidades como “eu não gosto de estudar” e “odeio meu chefe”) e os depoimentos dos amigos do usuário.


Algumas empresas tem se utilizado do Orkut para identificar potenciais consumidores ou comportamentos de seus consumidores, por exemplo, se há uma comunidade “eu adoro viajar”, as empresas relacionadas ao turismo podem identificar quem é este consumidor, seu estado civil, grau de escolaridade, se tem animais de estimação, o que gosta de fazer etc. e adequar seus pacotes de viagem a este público. Também há empresas, que além do currículo vite do candidato ao emprego, verificam seu perfil no Orkut.


Segundo o projetista chefe do Orkut, em entrevista a FOLHAONLINE (03/07/2005), o Google não tinha a pretensão de vender as informações contidas nas páginas pessoais dos usuários para empresas, contudo não há controle sobre muitas informações já disponibilizadas na rede como, por exemplo, as comunidades.

É importante considerar ainda em relação aos perfis, que o Orkut oferece um sistema que identifica quem visualizou o perfil, assim o usuário sabe quem (amigo ou não) visualizou seu perfil no dia anterior e na semana anterior.



LAÇOS FRACOS E FORTES


As interações no Orkut podem envolver tanto laços fortes como laços fracos. São adicionadas pessoas muito próximas do usuário, como familiares e amigos que conviveram ou convivem de forma mais intensa e constante – portanto, laços fortes - e os amigos dos amigos do usuário, havendo casos em que este apenas os conheceu ou que se encontram muito esporadicamente – são os laços fracos. Entretanto, levanto a hipótese de que alguns casos estes laços fracos acabam se configurando virtualmente mais fortes, por exemplo: pessoas que na vida real se encontram esporadicamente e sem muita proximidade, mas no Orkut trocam recados mais freqüentes cheios de afeto; ou ainda, “amigos” que o usuário encontrou uma única vez (quando seu amigo o apresentou) e que no seu aniversário, deixam recado felicitando e dizendo que está “morrendo de saudade”.


No Orkut há uma forma de identificar os graus de amizades, contudo estas informações ficam restritas ao dono do perfil. A classificação se dá da seguinte forma: amigos, amigos da escola, família, melhores amigos, não conheço e amigos do trabalho. Entretanto, para os visualizadores do perfil, um “amigo de trabalho” e um “melhor amigo” estarão em graus equivalentes: amigos.



ONDE ESTÁ O MERCADO?


De acordo com notícia veiculada no site Ziptop (notícias 11/08/2008), quase a totalidade da receita global do Google decorre de links patrocinadores. No caso, do Orkut não é diferente. Ao procurar por determinada comunidade, há um link ao lado destinado a publicidade onde empresas relacionadas ao tema colocam seus anúncios. Por exemplo, ao procurar por uma comunidade de “carros”, há ao lado anúncios de empresas que vendem carros usados, anúncios da Fiat e da Ford.


Também no caso do Orkut, há o serviço Orkut SMS em que o usuário, após cadastrar seu celular, recebe notificações quando tiver um novo recado ou novidades de seus amigos. Para cada mensagem enviada ou recebida, a operadora do celular cobra pelo serviço.