sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Redes de relacionamento e mercado

Um dos temas propostos pelo John é a relação entre as redes de relacionamento e o mercado (ou sua viabilização econômica). Parece evidente que uma postura parecida com a da Microsoft de cobrar por seus produtos e serviços seria uma estratégia na contramão da história. Segundo o Jorge, a própria empresa de Bill Gates está mudando sua postura, oferecendo licenças gratuitas para usuários domésticos. Me parece que o grande potencial de mercado das organizações que coordenam essas páginas de relacionamento é o cerco em torno do perfil localizado e identificado de cada um de nós, “consumidores”. A Google nos conhece muito bem. Nossos e-mails estão em seus servidores. Sabem quem são nossos contatos (fortes e fracos) e nossas preferências através do Orkut, Friendster e outros. Sabem que vídeos assistimos no Youtube. Que lugares do mundo gostamos de “visitar” no Google Earth ou no Googe Maps. Possuem, enfim, uma base de dados sobre nossas preferências que faria inveja a qualquer empresa de propaganda e marketing. Esse é o grande potencial de mercado dessas empresas e somos cada vez mais seus “clientes virtuais”.

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Livros ùteis

Com essa duas novas análises Linked In e Orkut estamos com uma boa base de reflexão, dada a diversidade de sites que estamos acompanhando. Seria bom tentar separar um espaço na aula para sistematizar as principais questões transversais.Tem um conjunto de livros que podem nos ajudar: Smart Mobs - Howard Rheingold (tem um site do livro);Wikinomics: How Mass Collaboration Changes Everything - Don Tapscott e Anthony D. Williams; Linked - Albert-László Barabási; Small Worlds and the Groundbreaking Science of Networks - Mark Buchanan; e The Wealth of Networks: How Social Production Transforms Markets and Freedom, que já mencionaei em outra postagem. Seria bom ver se alguns deles são traduzidos.
Que tipos de redes são esses?
Como se constrõe e mantem reputação?
Como se articulam mercado (interesse, apropriação,) e não mercado(commons, colaboração, reciprocidade?
Qual é a dinãmica de ação coletiva? (formas de participação, avaliação,monitoria, controle do free rider)
Qual é a articulação entre redes sociais fora e dentro da WEB
A ideia geral é de ver como todas as questões tradicionais são recolocadas mas numa forma original e identificar questões e dinâmicas inteiramente novas.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

ORKUT

Segundo dados disponíveis na Wikipédia, o Orkut é uma comunidade virtual filiada ao Google, criada em 19 de janeiro de 2004. Seu nome está relacionado ao projetista chefe, Orkut Büyükkokten, engenheiro do Google. Como afirmado no site do Orkut, “o Orkut é uma comunidade on-line criada para tornar a sua vida social e a de seus amigos mais ativa e estimulante. A rede social do Orkut pode ajudá-lo a manter contato com seus amigos atuais por meio de fotos e mensagens, e a conhecer mais pessoa.” Além desta função - reencontrar amigos da infância, da escola, da faculdade e reforçar os laços atuais - , o Orkut também tem sido um veículo para troca de informações e até mesmo discussões acadêmicas (por exemplo, há uma comunidade de sociologia econômica - www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=6267284 -, uma comunidade sobre Luc Boltanski - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=7738516 -, várias comunidades sobre Bourdieu, sendo esta a com maior número de membros (2.456) - http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=71489).


Calculava-se em 2005 que 6 milhões de pessoas tinham páginas com seus perfis no Orkut, sendo que a maioria (71,92%) eram brasileiros (FOLHAONLINE, 03/07/2005). Enquanto a imprensa e os internautas norte-americanos em geral praticamente ignoram o Orkut, preferindo outros sites de relacionamento como Friendster ou thefacebook, o Brasil torna-se um dos principais focos do Orkut (FOLHAONLINE, 03/07/2005).



COMO ENTRAR?


O futuro usuário precisa criar uma conta no Google disponível na página inicial do Orkut. No início do Orkut, a participação estava condicionada ao convite de um amigo já cadastrado.



OS PERFIS


Quando o usuário adere ao Orkut, ele deve preencher um perfil com suas características em três aspectos: social, profissional e pessoal (quem é, o que faz, qual o interesse no Orkut – amigos, trabalho etc., gostos etc.), e há espaço para colocar uma foto de identificação. O usuário pode deixar de fornecer algumas informações, pode fornecer todos os dados solicitados mas acionar um mecanismo que seleciona as informações que deseja compartilhar na rede e também pode fornecer informações incorretas sobre si mesmo (pode dizer que mora em outra cidade, fala outras línguas, ou até mesmo, há a construção de perfis de outras pessoas, como a do presidente Lula).


Além destas informações que constroem a imagem do usuário na rede, há outras ferramentas que auxiliam na identificação do perfil como as comunidades que participa (por exemplo, comunidades de partidos políticos, comunidades de intelectuais, comunidades de indivíduos de uma mesma cidade, de turmas da faculdade, comunidade relacionadas a alimentação e até mesmo comunidades como “eu não gosto de estudar” e “odeio meu chefe”) e os depoimentos dos amigos do usuário.


Algumas empresas tem se utilizado do Orkut para identificar potenciais consumidores ou comportamentos de seus consumidores, por exemplo, se há uma comunidade “eu adoro viajar”, as empresas relacionadas ao turismo podem identificar quem é este consumidor, seu estado civil, grau de escolaridade, se tem animais de estimação, o que gosta de fazer etc. e adequar seus pacotes de viagem a este público. Também há empresas, que além do currículo vite do candidato ao emprego, verificam seu perfil no Orkut.


Segundo o projetista chefe do Orkut, em entrevista a FOLHAONLINE (03/07/2005), o Google não tinha a pretensão de vender as informações contidas nas páginas pessoais dos usuários para empresas, contudo não há controle sobre muitas informações já disponibilizadas na rede como, por exemplo, as comunidades.

É importante considerar ainda em relação aos perfis, que o Orkut oferece um sistema que identifica quem visualizou o perfil, assim o usuário sabe quem (amigo ou não) visualizou seu perfil no dia anterior e na semana anterior.



LAÇOS FRACOS E FORTES


As interações no Orkut podem envolver tanto laços fortes como laços fracos. São adicionadas pessoas muito próximas do usuário, como familiares e amigos que conviveram ou convivem de forma mais intensa e constante – portanto, laços fortes - e os amigos dos amigos do usuário, havendo casos em que este apenas os conheceu ou que se encontram muito esporadicamente – são os laços fracos. Entretanto, levanto a hipótese de que alguns casos estes laços fracos acabam se configurando virtualmente mais fortes, por exemplo: pessoas que na vida real se encontram esporadicamente e sem muita proximidade, mas no Orkut trocam recados mais freqüentes cheios de afeto; ou ainda, “amigos” que o usuário encontrou uma única vez (quando seu amigo o apresentou) e que no seu aniversário, deixam recado felicitando e dizendo que está “morrendo de saudade”.


No Orkut há uma forma de identificar os graus de amizades, contudo estas informações ficam restritas ao dono do perfil. A classificação se dá da seguinte forma: amigos, amigos da escola, família, melhores amigos, não conheço e amigos do trabalho. Entretanto, para os visualizadores do perfil, um “amigo de trabalho” e um “melhor amigo” estarão em graus equivalentes: amigos.



ONDE ESTÁ O MERCADO?


De acordo com notícia veiculada no site Ziptop (notícias 11/08/2008), quase a totalidade da receita global do Google decorre de links patrocinadores. No caso, do Orkut não é diferente. Ao procurar por determinada comunidade, há um link ao lado destinado a publicidade onde empresas relacionadas ao tema colocam seus anúncios. Por exemplo, ao procurar por uma comunidade de “carros”, há ao lado anúncios de empresas que vendem carros usados, anúncios da Fiat e da Ford.


Também no caso do Orkut, há o serviço Orkut SMS em que o usuário, após cadastrar seu celular, recebe notificações quando tiver um novo recado ou novidades de seus amigos. Para cada mensagem enviada ou recebida, a operadora do celular cobra pelo serviço.

LINKED IN

Linked In é uma rede virtual de negócios fundada em 2002 e é utilizada por mais de 25 milhões de usuários. Como evidenciado no site, o Linked In não é uma rede, é o que uma rede deveria ser. O lema é que uma boa rede de relações profissionais é a chave para o sucesso. Possibilita novas oportunidades em função do perfil do membro, visto que o site funciona como um banco virtual de dados de profissionais de diversas regiões com diversas competências. Abrange 150 indústrias e mais de 400 regiões econômicas. O Linked In é mantido por um grupo de investidores e administrado por uma equipe de elevada competência (vide anexo).

Os usuários fazem convites a novos participantes, porém, é possível cadastrar-se no site sem convite prévio. Constituem uma lista de pessoas conhecidas e de confiança na medida em que cada integrante faz novas conexões, seja aceitando um convite, seja solicitando informações, adquirindo capacitação ou procurando emprego. O sucesso profissional depende da rede que cada indivíduo conforma e dos contatos potenciais e efetivos que cada novo contato pode lhe atribuir com profissionais qualificados e ambientes promissores.

O cadastro é gratuito. Pode ser feito cadastro tanto como pessoa física quanto jurídica. Todos os serviços são disponibilizados mediante identificação (e-mail, senha). A navegabilidade do site está disponível em inglês e em espanhol. A configuração da página é bem simples, não é carregada de símbolos ou propagandas promocionais, todo o serviço ofertado está voltado a facilitar o acesso aos serviços. Ao se cadastrar no Linked In a pessoa preenche seus dados pessoais (não é solicitado documentos pessoais), apenas nome e sobrenome, e-mail para contato, local onde reside, condição profissional (empregado ou desempregado). Caso esteja trabalhando é solicitado a identificação da empresa, do setor e da atividade que executa.

Permite manter contato e retomar contatos, desde que saiba o nome e sobrenome ou apelido da pessoa. Há um diretório com os nomes de todos os membros que fazem parte da rede, discriminados em seções de acordo com cada letra do alfabeto. Depois de cadastrado, o usuário consegue montar seu perfil e interesses profissionais (“currículos virtuais” constantemente atualizados e com elevado poder de difusão). Para acessar todo o currículo, é preciso estar cadastrado na rede. Ao acessar o diretório de usuários cadastrados, é possível identificar conexões secundárias efetuadas provavelmente através de convites em função da proximidade de relações entre amigos, colegas de trabalho ou ainda familiares (foi verificada a existência de vários membros com o mesmo sobrenome). É possível identificar, portanto, conexões efetuadas não só por laços fracos, como também por laços fortes. No currículo resumido de cada membro, são disponibilizadas ferramentas para entrar em contato com o usuário, contratá-lo e ainda solicitar contato com profissionais que façam parte da sua rede. Alguns têm redes maiores, outros medianas ou redes de relações profissionais pequenas.

Além desses contatos existem as seções: empresa, ferramentas e produtos.

1) Empresa: apresenta informações organizacionais sobre o Linked In, atenção ao cliente (contém todos os mecanismos “burocráticos” organizacionais da rede como cancelar o registro, modificar informações pessoais, controlar as configurações, por exemplo), centro de aprendizagem (apresenta as diversas formas em que o Linked In pode ser utilizado), blog (há diversos exemplos de sucesso profissional, de informações e soluções obtidas através do Linked In; e publicidade, sendo que esses três últimos estão disponíveis apenas na versão em língua inglesa.
2) Ferramentas: instrumentos de navegabilidade, barra de Outlook, “Jobsinsider” (através desse mecanismo, é possível identificar as pessoas que fazem parte do Linked In e que trabalham na empresa na qual se tem interesse de trabalho ou que mandou o currículo, permite enviar o currículo para a pessoa mais indicada e reduzir tempo, custo, solicitar que a pessoa faça sua apresentação na empresa contratante e ampliar as possibilidades de sucesso na contratação); e uma ferramenta – “widgets” (que permite maior capacidade de apresentação da rede de profissionais de cada usuário, permitindo incluir dados de empresas que fez parte ou que possui contatos).
3) Produtos: seção de perguntas e respostas em diversos assuntos como: administração, carreira, educação, contratação e recursos humanos, assuntos jurídicos, economia, pequenas, médias e grandes empresas, finanças, governo, gestão, cenário internacional, marketing e vendas, lucro e prejuízo, tecnologias, viagens de negócios. As perguntas podem ser feitas em inglês e em espanhol. Os questionamentos são registrados na própria seção e a resposta é dada por qualquer profissional competente que queira dar sua opinião. No item empregos o usuário tem facilidades para pesquisar possibilidades de emprego, conseguir recomendações de trabalho, ampliar sua rede e atualizar constantemente seu currículo, verificar quantas vezes seu perfil foi acessado, anunciar empregos e gerir seleções de candidatos a emprego. No item atualizações recentes é possível acessar diretamente os perfis que foram modificados.


ANEXOS
Depoimento de Dan Nye, 22 de outubro de 2008 sobre novos parceiros do linked in:
I'm happy to announce today that we've received strategic investments in LinkedIn totaling $22.7 million from market leaders in the enterprise software, investment banking and business information sectors; all of whom believe in the power of LinkedIn as a way to connect professionals and help them be effective. This round of funding includes world class strategic investors Goldman Sachs, The McGraw-Hill Companies, and SAP ventures; as well as a re-investment by Bessemer Venture Partners (Goldman Sachs, The McGraw-Hill Companies, and SAP Ventures join the LinkedIn team.

Por Angye

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

"Mercado ou Não-mercado: o paradigma dos espaços cooperativos-democráticos"

Olá Pessoal, segue uma breve reflexão sobre a aula de hoje...

Na aula desta sexta (03/10/2008) discutimos a transformação que tem se dado em alguns mercados consolidados a partir do paradigma dos softwares livres e de outras ferramentas e ciberespaços que surgem na grande rede mundial, o que tem sido caracterizado como movimento pela democracia digital.
A grande indagação que pairou no ar foi se essa transformação que vem se dando a partir dos softwares livres e participativos/cooperativos (Linux, Firefox dentre outros milhares) e outras formas de envolvimento das pessoas no mundo digital (wikis, blogs e diversos outros ciberespaços) possui ou não alguma motivação de "Mercado".
Refletimos que, por um lado, o fato de muitas licensas trazerem consigo o carater de "Livres", mas com restrições a usos que possam de alguma forma gerar "lucros" (ex.: uso de softwares livres de compartilharmento de conexão em Lan Houses) é uma forma de ação "não-mercado", ou seja, socialização de usos. Mas, por outro lado, parece que muitos desses softwares "gratuitos" trazem consigo a característica de "Amostra Grátis", ou melhor, caso queiramos usar mais e com mais eficácia a ferramenta deveremos pagar .
Nesse último caso, identificamos que há o aproveitamento do espaço de construção e democratização para criar dependência mercadológica, havendo assim uma motivação de mercado.
Porém, o fato de a velocidade/quantidade de produtos e processos dessa natureza ser extremamente grande, nos faz indagar se somente a motivação econômica é suficiente para envolver uma quantidade grande de "mentes brilhantes" em atividades de tal natureza. Mesmo porque, podemos até pensar (é uma mera especulação) que a tamanho dos ganhos (em valor) nesse meio, em termos relativos, é infinitamente menor que a valoração daquilo que disponibilizado.
Nesse caminho, parece que há nas mesmas infovias, de um lado, militantes em favor da democracia digital, disponibilizando seu tempo e seu conhecimento com tal propósito, fazendo surgir "cibercommons". Por outro lado, estão aqueles se apropriam da "idéia" dos "cibercommons" para levar a cabo realizações privadas, no sentido liberal da palavra.
Enfim, parece que estamos presenciando uma Grande Guerra mundial em torno da democratização/apropriação da Grande Rede Mundial. Talvez naõ por acaso a World Wide Web (WWW) tenho algo em comum com a World Wide War (WWW). Resta saber se há um final e um vencedor.
É isso.. por enquanto...rsss

The Wealth of Networks

Caros,

Lendo o livro The Wealth of Networks por Yochai Benkler fica claro que devemos incluir outra ideia na nossa reflexão. Em que medida esse sites transformam o espaço do "não-mercado" - o espaço de cooperação/reciprocidade e uma nova dinâmica de criatividade coletiva. A análise da Carla aponta nessa direção para a musica.